sexta-feira, 12 de março de 2010

Em dez anos de reportagem, já cobri muito acidente, muito homícidio e todo tipo de morte violenta. Minha regra é nunca olhar para os corpos mortos e evitar, com bem mais intensidade, a face das vítimas. Mas tem vezes que é impossível, porque a gente chega cedo demais na "ocorrência". E, bem cedo, as coisas ainda estão lá, escancaradas. Me lembro com detalhes de todos os rostos sem vida que encarei. Sempre surpresos e assustados. Sempre de olhos arregalados. O último morto para quem olhei foi o dono de uma empresa de reciclagem na Vila Casoni, assassinado em um assalto. Eu não sabia que o senhor estava dentro do carro parado em frente à firma e fui srpreendida por seu olhar apavorado quando distraidamente fitei o interior do veículo. Passado mais de um ano, a imagem daquele homem apavorado, ainda preso pelo cinto de seugrança, volta à memória sempre que passo pela Rua Caraíbas. Não tenho mais pesadelos, mas também não consigo ficar indiferente. Assim como me comovi, hoje, com a notícia sobre a morte do cartunista Glauco. Com certeza, ele devia estar com uma expressão apavorada, de medo. Que descanse em paz.

Um comentário:

Kéty disse...

É terrível...
Moro em Foz do Iguaçu e por aqui a paz está de férias faz muito tempo...