sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ontem, mais uma vez, chorei no trabalho. Às sete da noite, em Apucarana, quando a delegada do Sicride chegou ao hospital com o pequeno Nicholas nos braços, para entregá-lo de volta à família. O bebê, com apenas um dia de vida, foi sequestrado da maternidade por uma mulher que se passou por falsa enfermeira (reportagem completa aqui). Foram quase 24 horas de investigações, mas a polícia fez um bom trabalho e Nicholas, nascido com 3,8 quilos, 50 centímetros, de parto normal, terminou o dia mamando placidamente na mãe.
Às sete da noite, em frente ao hospital, por alguns momentos deixei as lágrimas rolarem. Por alguns momentos, me esqueci que precisávamos da melhor imagem, da melhor entrevista, do melhor jeito de contar uma história que - ufa! - teve final feliz. De olhos marejados, abaixei a caneta e o bloco para agradecer pelo renascimento de uma família.
Não me passou pela cabeça insistir, diante da sensata negativa das autoridades, para estar no quarto no momento do reencontro entre mãe e filho. Assim como não costumo fazer perguntas piegas para arrancar lágrimas e expressões comovidas dos entrevistados. Em frente ao hospital, sequer me senti no direito de querer participar de tal momento. E até me constrangi pela insistência coletiva. A impressão, sempre, é que as pessoas esquecem a vida existente por trás das histórias.
No final, a gente conseguiu a imagem, as entrevistas, a reportagem. Sem apelação, sem invasão, sem intromissão. Com ética e respeito, como deve ser.
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Em casa, depois de 18 horas de ausência, o drama era outro. Clari, quase sempre resistente a doenças infantis, foi derrubada por uma "virose" que trouxe vômito, diarreia, febre e uma desidratação. Longe dos meus olhos - e diante da falta de cuidados de um pediatra que me pareceu negligente -, minha pequena definhou e, hoje, terminou a manhã na sala de observação do hospital.
Enquanto eu estava longe de casa, a avó e o pai acharam que ela estava bem e o médico - sem reexaminá-la - garantiu que era apenas a segunda fase de um quadro viral. Eu, de noite, encontrei-a dormindo. Mas, de manhã, quando vi minha filha prostrada, sem fome, sem vontade de brincar, soube que a situação não era boa. No pronto socorro, o diagnóstico confirmou o que o instinto materno já tinha detectado. Além da desidratação, uma infecção. Ela foi hidratada, medicada e agora repousa ao meu lado, "lendo" pela milésima vez o adorado livro da Branca de Neve.
Satisfeita por ter chegado a tempo de socorrer Clarice, não posso deixar de pensar que, ainda bem, Nicholas também vai ter os cuidados da mãe a cada gripe, dor de garganta, joelho ralado ou misteriosa virose. Depois de um contrubado primeiro dia de vida, esse garotinho merece colo, afagos, carinho e o leite quentinho da mamãe. Que todos eles - mãe, pai, avó, tios e crianças - sejam muito felizes.

4 comentários:

Unknown disse...

Carol....é minha primeira passagem por aqui e já adorei. Li três páginas sem parar, durante a aula de pós. Confesso. Adorei.

mari disse...

lindo demais!

Unidade Luz disse...

Saudades das nossas conversas de mãe, aparece lá na loja pra me visitar.
bjus

janaog disse...

por isso que eu tenho um orgulho enorme de trabalhar com gente como você. e de conhecer gente como você, antes de mais nada.
beijo, amiga, e parabéns pela sensibilidade que carece tanto, hoje, a tantos.